(Mais uma vez:) Autoridade não é autoritarismo!!! (q saco ter que tocar nesse assunto de novo...)
... e acho que não será a última vez.
É chato ter que escrever
aqui no blog mais um desabafo sobre esse assunto. Naturalmente, preciso me
conter para não cometer nenhum exagero tolo similar àquele que presenciei em um
sujeito e que me motivou a escrever esse texto.
Não é difícil
separar autoridade de autoritarismo. Se submeter à autoridade é bíblico (Rm
13.1-7), mas se submeter ao autoritarismo é ingenuidade e omissão (At 4.18-20;
5.27-29). Lamentavelmente, é com certa frequência que líderes religiosos abusam
de autoritarismo, submetem a igreja a constrangimentos públicos desnecessários
e cobram dela mais do que deve.
Recentemente,
tive o desprazer de presenciar um sujeito que pelo simples fato de ser usado
por Deus, se julga no direito de colocar um fardo pesado sobre a igreja e um
sentimento de condenação totalmente desonesto. Não é à toa que estas pessoas
rejeitam a graça genuína do Senhor Jesus, simplesmente por que a graça pura sem
misturas é totalmente inadequada aos sistemas religiosos e à vaidade humana.
O gatilho que
disparou meu limite de tolerância foi ouvir que para uma pessoa fazer parte de
uma certa igreja ela deve obrigatoriamente dar o dízimo. E se ela não quiser
dar o dízimo, deve procurar outra igreja, pois o irmão não pode usufruir de uma
boa estrutura se não quiser pagar para tal. Agora imagine ouvir uma patacoada dessas
num tom de absoluto autoritarismo como se o sujeito fosse o dono da igreja e o
dono do dinheiro das pessoas. Obviamente a maioria das pessoas na igreja é
indefesa a esse tipo de argumento e postura. É aí que vem minha intervenção:
como é possível alguém aparentemente honesto fazer uso de um artifício tão
desprezível para garantir que sua igreja dê o dízimo sem questionar? Onde está
escrito na Bíblia que para congregar em uma igreja local eu devo ser
constrangido e obrigado a dizimar ali sob a ameaça de ser expulso daquele lugar?
Fico imaginando
que em pouco tempo, para entrar numa congregação e cultuar a Deus, nós teremos
que pagar ingresso, muito similar quando a gente vai ao cinema (teatro, show
etc.). E o valor do ingresso irá variar de acordo com a estrutura do templo: se
tiver condicionador de ar, cadeiras confortáveis, bebedouro etc. o ingresso vai
ser bem mais caro. O valor vai mudar também de acordo com o lugar que você
escolher: camarote vai custar o ‘vízimo’
(20%)!
Outra variação de preço: se tiver um pregador conhecido internacionalmente,
você deverá desembolsar o ‘trízimo’
(30%)
para cultuar. Outras variações de preço serão engenhosamente inventadas por
essa galera!
Vamos dar uma breve
olhada na Bíblia para saber como a igreja relaciona seu dinheiro com Deus e
vice-versa. Porém, devo fazer uma observação clara: eu não sou um malabarista teológico! Não manipulo as Escrituras em
causa própria, aceito o Seu conteúdo como é, sem acréscimos, sem reduções, sem
deturpações autoritárias. Não faço a Bíblia dizer uma coisa que ela não está
dizendo apenas para tirar vantagem. Com isso em mente, vejamos os textos a
seguir:
- At 4.32-5.11: esse registro mostra o
estilo de vida da igreja em Jerusalém e como era a relação deles com o
dinheiro. Naturalmente, isso é um relato de como eles agiam, não é um
mandamento! Serve como modelo, referência. Deus não exige que você venda tudo
que possui para dar na igreja. Ele também não exigiu isso da igreja em Atos,
foi uma demonstração voluntária e espontânea de amor. Além disso, os contextos
são totalmente diferentes. Não se observa nenhum dos apóstolos submetendo
qualquer pessoa a constrangimentos públicos ou exigindo a cobrança de algum
imposto. Isso é provado quando Ananias e Safira mentem. A resposta de Pedro é
genial: “Conservando-o,
porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?” O
que Pedro estava dizendo era: o dinheiro era seu, a propriedade era sua e
ninguém constrangeu vocês a nada. Não precisava mentir ao Espírito Santo. Os
autoritários só usam esse texto para causar terror na igreja e ameaçá-la caso
ela não dê dízimos e ofertas. Eles não falam que a causa da morte não foi a
recusa em dar ofertas ou dízimos, mas a mentira para tirar alguma vantagem.
Ananias e Safira estavam tentando, provavelmente, comprar um lugar no
ministério, exatamente como ocorre hoje em dia. Eles trataram a unção sagrada
do ministério com desprezo como fez Simão (At 8.9-25). Note: se eles não
tivessem vendido a propriedade ou se tivessem gastado o dinheiro com outra
coisa, provavelmente eles não teriam sido julgados. Ou seja, neste caso, era
melhor não ter dado nada. Eles não morreram por que se recusaram a dar,
morreram por que zombaram da unção, dos apóstolos e do sagrado ministério. Já
imaginou se hoje em dia todo mundo que faz algo semelhante morresse? Eles não
foram julgados porque deram ou porque deixaram de dar, foram julgados pela
enorme leviandade com que trataram a unção. Eles estavam tentando mercadejar a
fé e negociar com os valores espirituais do Reino de Deus.
- Mt 10.8: esse é um tipo de Palavra que dificilmente você ouvirá hoje em dia. Naturalmente, ela não tira a responsabilidade da igreja sustentar seus ministros (Nm 18.8-32; Dt 18.1; Lc 10.7; Rm 15.27; I Co 9.1-15; II Co 11.7-15; Gl 6.6; Fl 4.14-19; I Ts 2.7-10; II Ts 3.6-12; I Tm 5.17,18; II Tm 2.6), mas coloca um ponto de equilíbrio nessa questão. Isso não dá aos ministros o direito de serem autoritários e opressores diante de um povo indefeso (I Pe 5.1-4). Engenhosamente as pessoas estão desenvolvendo mecanismos e estratégias para extrair uma quantia sempre maior da igreja.
- II Co 2.17: mercadejar a Palavra de Deus é transformá-La em uma mercadoria, é submetê-La a negociações, é fazer um comércio altamente lucrativo com Ela. Um ministro deve tirar seu sustento do sagrado ministério, isso é incontestável. Contudo, mercadejar a Palavra é totalmente reprovável diante de Deus.
- II Co 9.6-15; Pv 11.24-26; Êx 35.4-36.7; I Cr 29.11-18: sabe qual é o critério pelo qual a igreja deve contribuir? Paulo responde: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (II Co 9.7). Agora me diga: por que a Palavra de Deus não é suficiente para os ministros da atualidade? Por que eles não confiam n’Ela plenamente e fazem uso de constrangimentos e estratégias diversas? Veja Moisés na construção da tenda, ou Davi na construção do templo ou Paulo quando solicitou contribuição. Em nenhum desses casos as pessoas foram ameaçadas caso não quisessem contribuir. Nenhuma delas foi submetida a qualquer tipo de constrangimento. Ninguém foi convidado a ir embora caso não dizimasse ou ofertasse. Já pensou se Moisés dissesse: quem não quiser contribuir vá procurar outro Deus e outra nação para servir! Já pensou se Davi dissesse: quem não ofertar e dizimar, não terá acesso ao templo! Imagine só se Paulo dissesse: quem não der nada deverá procurar outra igreja! É óbvio que o nível atual dos ministros está a anos-luz de distância do apóstolo Paulo, mas isso não justifica eles agirem de forma tão vil e desprezível. Com isso não estou tirando a responsabilidade e o compromisso que a igreja tem de contribuir com a obra que ela mesma executa. E também não ignoro as inúmeras recompensas associadas com a prática de dizimar e ofertar. Quero apenas enfatizar que é antibíblico condicionar a permanência de uma pessoa numa igreja local ao dízimo e oferta dessa pessoa. Estou apenas mostrando que é desonesto constranger a igreja e colocar um jugo sobre ela. Quem deu a vida pela igreja e a gerou foi o Senhor Jesus. Só Ele tem o direito de se dirigir a ela em tom de autoritarismo.
- Mt 10.8: esse é um tipo de Palavra que dificilmente você ouvirá hoje em dia. Naturalmente, ela não tira a responsabilidade da igreja sustentar seus ministros (Nm 18.8-32; Dt 18.1; Lc 10.7; Rm 15.27; I Co 9.1-15; II Co 11.7-15; Gl 6.6; Fl 4.14-19; I Ts 2.7-10; II Ts 3.6-12; I Tm 5.17,18; II Tm 2.6), mas coloca um ponto de equilíbrio nessa questão. Isso não dá aos ministros o direito de serem autoritários e opressores diante de um povo indefeso (I Pe 5.1-4). Engenhosamente as pessoas estão desenvolvendo mecanismos e estratégias para extrair uma quantia sempre maior da igreja.
- II Co 2.17: mercadejar a Palavra de Deus é transformá-La em uma mercadoria, é submetê-La a negociações, é fazer um comércio altamente lucrativo com Ela. Um ministro deve tirar seu sustento do sagrado ministério, isso é incontestável. Contudo, mercadejar a Palavra é totalmente reprovável diante de Deus.
- II Co 9.6-15; Pv 11.24-26; Êx 35.4-36.7; I Cr 29.11-18: sabe qual é o critério pelo qual a igreja deve contribuir? Paulo responde: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (II Co 9.7). Agora me diga: por que a Palavra de Deus não é suficiente para os ministros da atualidade? Por que eles não confiam n’Ela plenamente e fazem uso de constrangimentos e estratégias diversas? Veja Moisés na construção da tenda, ou Davi na construção do templo ou Paulo quando solicitou contribuição. Em nenhum desses casos as pessoas foram ameaçadas caso não quisessem contribuir. Nenhuma delas foi submetida a qualquer tipo de constrangimento. Ninguém foi convidado a ir embora caso não dizimasse ou ofertasse. Já pensou se Moisés dissesse: quem não quiser contribuir vá procurar outro Deus e outra nação para servir! Já pensou se Davi dissesse: quem não ofertar e dizimar, não terá acesso ao templo! Imagine só se Paulo dissesse: quem não der nada deverá procurar outra igreja! É óbvio que o nível atual dos ministros está a anos-luz de distância do apóstolo Paulo, mas isso não justifica eles agirem de forma tão vil e desprezível. Com isso não estou tirando a responsabilidade e o compromisso que a igreja tem de contribuir com a obra que ela mesma executa. E também não ignoro as inúmeras recompensas associadas com a prática de dizimar e ofertar. Quero apenas enfatizar que é antibíblico condicionar a permanência de uma pessoa numa igreja local ao dízimo e oferta dessa pessoa. Estou apenas mostrando que é desonesto constranger a igreja e colocar um jugo sobre ela. Quem deu a vida pela igreja e a gerou foi o Senhor Jesus. Só Ele tem o direito de se dirigir a ela em tom de autoritarismo.
É claro que há outros tipos de autoritarismos praticados
frequentemente por certos indivíduos que se colocam acima da Palavra. Contudo, o
que me motivou a escrever esse post se refere ao autoritarismo relacionado às
doações da igreja.
O leitor não precisa ficar com medo nem ficar em pânico
quando presenciar um autoritarismo e discordar dele. As ameaças de que você será
punido se discordar visam apenas mantê-lo subjugado e alienado. Veja as cartas
do apóstolo Paulo cuidadosamente. Deus fala com a igreja principalmente através
das cartas do apóstolo Paulo. É óbvio que Ele pode falar com você através de
qualquer texto bíblico, mas estou me referindo ao aspecto doutrinário. Você pode
detectar facilmente uma manipulação bíblica adotando um critério simples: se um
sujeito tenta estabelecer uma doutrina sem ter como principal fundamento as
cartas de Paulo, saiba que provavelmente se trata de uma manobra.
Agora preciso fazer uma observação importante: eu
creio que a prática de dízimos e ofertas se aplica à igreja, mas não da forma
como se tem colocado. Acredito que você pode assumir um compromisso pessoal de
oferecer a Deus não apenas 10% do seu salário, mas 20%, 30%, 40% etc., ou seja, o quanto Deus colocar em seu
coração. Caso você não contribua segundo Deus indicou em seu coração, então
neste caso você está roubando e usurpando o que não é seu (Mt 22.21; Ml 3.8). Nisso
eu acredito.
Saiba
caro leitor que Deus pode lhe pedir muito mais do que 10%. O assunto principal desse post não é dízimos e
ofertas, é a tolice do autoritarismo. Portanto, não seja leviano e desonesto
para usar o que escrevi aqui na tentativa de provar que a igreja não deve
contribuir. Pelo contrário, o critério da contribuição voluntária está
intimamente associado ao critério da excelência que Davi expressou em I Cr
21.24: “... quero
comprá-lo pelo seu valor; pois não tomarei para o Senhor o que é teu, nem
oferecerei holocausto que não me custe nada.” Além de Davi, temos o
exemplo de Abel (Gn 4.1-5), as instruções de Malaquias (Ml 1.6-8,13,14), as palavras
do nosso mestre Jesus (Mt 5.23,24; At 20.35), as contundentes afirmações do
apóstolo da fé (Rm 15.27; I Co 9.1-14; Gl 6.6) etc. É
lógico que a qualidade da oferta está intimamente ligada à dignidade da vida do
ofertante. Mas certamente, há muita gente honesta e de caráter que se sente
tentada a ofertar bem menos do que o seu coração indica. Além disso, sabemos
que Deus não está à venda por causa de ofertas (I Sm 15.22,23). Você não compra
o favor de Deus com gordura, presentes, bajulações, dízimos e ofertas. Com essas
coisas você compra facilmente os homens e conquista posições de destaque rapidamente.
No entanto, o fato de Deus não ser comprado por presentes, ofertas e dinheiro, não
significa que você não deva contribuir com excelência. Há princípios universais
e atemporais no Reino de Deus que superam as diferenças das ‘dispensações’ da
Lei e da Graça. Contribuir financeiramente com excelência é um destes
princípios.
A
conclusão é: o autoritarismo dos tolos não tira a responsabilidade da igreja e nem
o seu dever de contribuir com excelência. Paralelamente, o compromisso que a
igreja tem de contribuir não dá direito aos tolos de serem autoritários. Os discursos
ameaçadores feitos contra a igreja para garantir que os irmãos contribuam são
totalmente desnecessários. Deseja ver a igreja contribuindo abundantemente?
Basta supri-la espiritualmente. Uma igreja espiritualmente nutrida e assistida
raramente irá recusar contribuir financeiramente de forma generosa.
Um abraço a todos e não se deixe oprimir pelos tolos.
Marconi
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