Pequenas igrejas, grandes negócios!


Há um bom tempo tive a intenção de escrever um post exatamente com esse título: “Pequenas igrejas, grandes negócios”. Resisti muito até que recentemente me senti encorajado depois de assistir, COM ENORME PESAR, uma reportagem da rede Record intitulada “conheça os segredos do apóstolo milionário”.

Sempre fui um admirador e fã de carteirinha do Valdemiro Santiago, contudo, minha admiração não nubla minha razão. Quando o assistia, ficava incomodado com seus frequentes ataques pessoais dirigidos à IURD e ao Edir Macedo. Um sintoma clássico da mágoa e da amargura (uma pessoa amargurada jamais perde uma chance de criticar). Nunca concordava com aquilo e não conseguia digerir aquele comportamento, mas tolerava tendo em vista o número de pessoas curadas e libertas através do seu ministério. Porém, uma verdade que defendo há anos é: “o simples fato de Deus me usar para operar milagres não me dá o direito de fazer e dizer coisas que Ele não me inspirou”. Devemos permanecer naquilo que Deus nos chamou para fazer e encontrar satisfação. É nos projetos divinos que devemos nos realizar.

Nesses 15 anos de Evangelho tenho presenciado homens e mulheres se deixando levar pela vaidade por Deus usá-los poderosamente. Movidos por este espírito de engano, acabam ensinando e pregando coisas que Deus não os inspirou e ficam expostos aos ataques de Satanás. Acredito particularmente que esse tenha sido o principal erro do Valdemiro. Suspeito que em sua mente, ele julgou que poderia fazer e dizer o que queria, pois os milagres estavam ‘aprovando’ suas palavras e ações. Esse é um grande erro!

Alerto o leitor para uma verdade fundamental: o fato de Deus usar uma pessoa não significa necessariamente que Ele aprova o estilo de vida que esta pessoa leva. Deus pode usá-lo para ressuscitar mortos, expulsar demônios, curar enfermos, operar sinais e maravilhas e ainda assim reprovar suas palavras, seu comportamento, sua personalidade e o seu caráter. Há um consenso equivocado que conduz todos a pensar que se Deus usa alguém é porque Ele está aprovando o estilo de vida de quem Ele usa. É normal pensar assim, mas não suficiente. É um raciocínio incompleto. O Deus que usou até uma jumenta para corrigir um indivíduo que se julgava profeta, pode usar até o diabo se Ele quiser. Mas, vamos ao objetivo desse post.

Primeiro: nem Edir Macedo, nem a IURD e nem a Record estão interessados na saúde espiritual do corpo de Cristo. A verdadeira motivação por trás dessa reportagem (e de outra anterior) é o dinheiro! Edir Macedo e a IURD perderam uma enorme quantidade de membros ($) para a IMPD. Desesperados com a evacuação em massa de seus membros, a reportagem foi elaborada para trazê-los de volta e impedir o ingresso de novos fiéis. Se a honestidade motivasse a IURD e a Record, eles seriam os primeiros a se punirem!

Segundo: o neopentecostalismo conseguiu uma proeza de proporções gigantescas. Transformou a igreja numa megaempresa, os irmãos na fé em empregados, os pastores em patrões arbitrários, intolerantes e autoritários, e o nobre e sublime propósito de ganhar almas no vil e desprezível fim de ganhar dinheiro. Com esse quadro em mente, o leitor deve pensar agora: quem são os responsáveis por tamanho escândalo envolvendo Valdemiro? Penso eu que toda igreja tem alguma parcela de culpa. Apesar de parecer radical no argumento, pense comigo: se os membros de cada igreja exigissem dos pastores transparência na administração financeira, se os membros participassem das decisões sobre como e onde investir os recursos adquiridos, se os membros possuíssem algum mecanismo de fiscalização, então poderíamos reduzir a probabilidade de tais eventos ocorrerem. Apesar de não ser uma garantia absoluta, é certo que reduziríamos a probabilidade de casos como esse se repetir. No entanto, nós temos uma igreja tola, alienada, infantil, desatenta e ingênua. Porém, essa igreja é assim não por si mesma, mas por aqueles que frequentemente a instrui.

No modelo neopentecostal, o pastor não é admirado, é idolatrado. Ele não é mais um referencial, é um pop star! O culto não é mais um momento de adoração, é um show de exibicionismo, vaidade e comportamento carnal. Neste cenário, uma prática maldosa foi adotada: considera-se rebelião qualquer argumento contrário à administração. A verdadeira noção do que é rebelião se perdeu há muito. Atualmente qualquer comentário, qualquer ponto de vista, qualquer argumento que questione o comportamento, a doutrina, a visão e a motivação de um líder é considerado rebelião. Essa é uma ferramenta de controle e estratégia de opressão que serve para ameaçar e punir. Enquanto a igreja católica usou a bandeira da heresia e levou milhares de pessoas à fogueira, o neopentecostalismo usa com frequência a bandeira da rebelião e submete os seus membros a uma atmosfera de terror e ameaça constante. Não somos ouvidos, nossa opinião é irrelevante e o nosso ponto de vista é ignorado. O membro é um mero reprodutor de tarefas e os ministros se transformaram em produtos e mercadorias que servem prá ser exibida em favor de um sistema religioso e humano. As pessoas não possuem identidade, são duplicatas, xerox mal tirada umas das outras. Muitas pessoas entraram num vazio existencial e não sabem o por quê!

É por isso que a igreja permanece alienada, apática e indiferente. A culpa é da sua liderança que não ensinou ela a pensar, a meditar, a averiguar, analisar, investigar e perscrutar. A igreja não foi encorajada a raciocinar, mas a reproduzir mecanicamente frases e conteúdos programados sem inspiração. Além disso, virou moda nos cursos bíblicos modernos ensinar os futuros ministros a servir café ao pastor, abrir a porta do seu carro, engraxar os seus sapatos, lhe encher de presentes e bajulações sem fim, dar ofertas gigantescas e lhe promover o mais alto padrão de vida possível. Isso é o que tem sido ensinado na atualidade! Esqueceram de ensinar transparência, moderação, equilíbrio, serviço, sensatez, generosidade, compaixão, simplicidade. Por isso ministério se transformou em mercadoria, púlpito em moeda de troca e recompensa, chamado em profissão e igreja em investimento financeiro. Lamento profundamente que chegamos a esse nível.

Em algum lugar do passado esqueceram que ministério é serviço, chamado é vocação, púlpito é inspiração, e a igreja é um corpo e família. Hoje, os cargos nas igrejas são violentamente disputados por uma razão muito simples: ofertas e salários astronômicos com isenção de imposto, alto padrão de vida sem fiscalização, luxo e conforto sem bater cartão, acesso a presentes com facilidade e outras vantagens adicionais.

Diante desses fatos a solução que encontro é óbvia: a igreja deve reagir! Ela não deve se revoltar, não deve se rebelar, a igreja deve se posicionar! POSICIONAMENTO é o sinônimo deste blog. INDIFERENÇA JAMAIS! OMISSÃO JAMAIS! Não acredito que a igreja impedirá a ocorrência de escândalos, mas ela pode reduzi-los, minimizá-los e puni-los de forma mais contundente. Há mecanismos que precisam ser desenvolvidos e empregados pela igreja para evitar a recorrência de eventos vergonhosos como estes. Torço, oro e creio para fazer parte de uma igreja diferente que não se conforme com o pecado e não admita fazer negócios com o Reino de Deus.

Lamento a vergonhosa briga entre Valdemiro e Edir Macedo que só traz vergonha ao corpo de Cristo. Se andassem na verdade, jamais teriam iniciado esse combate, pelo contrário, haveria concessão de ambas as partes na busca de uma solução pacífica e em favor da igreja. Intrigas pessoais não são propostas ministeriais sérias, são abismos e precipícios onde uma vez dentro é difícil sair.

Portanto igreja, posicione-se agora!

Um abraço a todos!

Marconi

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